A Música e o Equilíbrio Interior
26 July, 2021O Poder da Música Clássica
26 July, 2021Alguma vez você sentiu verdadeira gratidão?
Alguma vez você sentiu gratidão pela vida? Alguma vez você já deixou, ainda que por um instante, as marcas de uma vida monótona e previsível para sentir um momento de paz?
Seguramente nesse momento não sentiu nenhuma necessidade e não teve pressa, nem vontade de estar em outro lugar, ou de fazer outra coisa. Porque nestes instantes nos sentimos acolhidos pela simplicidade do nosso Ser. E, sem pensar em nada, sentimos amor por tudo o que nos rodeia. Tudo tão simples, sem nenhum artifício, e entretanto, sagrado, sublime, majestoso.
E, espantado, você se pergunta se esse não seria o significado de estar vivo. E, em êxtase, deseja eternizar esse momento. Surge naturalmente do coração, uma oração, um aroma místico como o incenso, que perfuma o ambiente e o sutiliza, elevando-o à outra esfera. Esta é a expressão do sentido da gratidão pura e plena.
Alguma vez já sentiu gratidão por algo em sua vida? Pelo ar que respira e enche de vida seus pulmões? Ou pelo Sol que te dá luz e aquece tua pele, tão indispensável para a vida? Pelo profundo silêncio? Pela alegria de uma viagem que se inicia? Pelos que te acompanham no caminho? Por sentir uma força que te impulsiona a querer conhecer o sentido da vida?
E, em tempos de sofrimento, você sente gratidão por ainda ter esperança? Porque ainda tem algo de nobreza, algum valor que te diz siga em frente, apesar de tudo? Alguma vez sentiu gratidão pelo que tem? Por aquilo que não te falta? Pela simples capacidade de ler esse artigo, que para muitos não é possível por muitas razões?
A Gratidão Consciente
A gratidão é fruto da consciência. Porque só somos capazes de sentir a verdadeira gratidão apenas quando estamos cientes daquilo que nos rodeia. Agora, todos nós temos algo que agradecer. No entanto, não estamos necessariamente cientes disso. Pelo contrário, é muito comum vermos a vida da perspectiva do ‘menos’. Ou seja, como se tudo estivesse indo muito mal e tivéssemos que suportar a vida como um martírio.
E, claro, uma pessoa que não se percebe, que não vê o que é e o que tem, geralmente é ingrata. E por isso vive sofrendo a tormenta de seus desejos. Em outras palavras, de forma alguma ela poderia ser feliz consigo mesma: nada a faz feliz. Na verdade, o egoísmo, além de nos tornar ingratos, ainda subtrai o melhor da vida por meio de cálculos matemáticos absurdos.
Harmonia nas Pequenas Coisas
A gratidão, por sua vez, é uma expressão espontânea do homem que dá graças a Deus. Ou para a vida, para a natureza, para o cosmos, como quisermos chamá-lo. Porque ele sente sua harmonia e se reconhece em toda a criação.
Nesse sentido, a matemática divina é diferente e nos diz que tudo está em tudo. Portanto, a contemplação de um único momento na natureza é suficiente para nos dar uma sensação de plenitude. Meditar enquanto se ouve uma música clássica nos eleva às esferas sublimes e inefáveis do Ser. O beijo do ser amado nos comove e nos enche de êxtase. Assim, tudo vibra harmoniosamente para quem sabe observar, ouvir e sentir com simplicidade e num silêncio respeitoso. Em resumo, o que temos é o suficiente para nos fazer felizes.
A consciência, que é divina, nos dá a percepção da perfeição do universo. E a gratidão é uma oração que responde à harmonia com mais harmonia. No entanto, nunca perceberíamos a harmonia do Universo através das lentes subjetivas e complicadas do ego ou do “eu” egoísta.
O Eu Ingrato
Quando uma pessoa se coloca acima de tudo, exigindo que tudo esteja de acordo com seus caprichos e expectativas, o mundo parece um caos. E a vida é amarga e insuportável.
Na verdade, quando são estes os interesses que regem a pessoa, isso contribui para tornar o seu mundo um inferno. Isto ocorre porque seu eu ingrato o deixa inconsciente. E da experiência real, ela só percebe uma parte incompleta e muito limitada.
Por essa razão, diz-se que a consciência está aprisionada em defeitos psicológicos, como ingratidão, egoísmo, ódio e tantos outros. Então percebemos o real condicionado pela visão limitada e egocêntrica de muitos eus egoístas. Portanto, o resultado geralmente é o erro que causa dor. Assim, o eu ingrato nos leva, de uma forma ou de outra, a experimentar a ingratidão, porque não nos deixa ver a realidade da riqueza que possuímos.
Por outro lado, a consciência livre é como a criança. Ou seja, é muito simples e sensível às coisas que o rodeiam. Portanto, a consciência nos dá uma sensação de admiração e verdadeira percepção do mundo e de nós mesmos. Em outras palavras, nos dá a capacidade de nos surpreender com as coisas triviais da vida.
Porém, como a Vida é um mistério que nenhum ser humano conseguiu desvendar, o que é trivial? Observando as coisas deste ponto de vista, tudo na vida adquire um sabor especial, surpreendente e único. Porque nossa consciência é divina e seu interesse e curiosidade abrangem tudo.
A Gratidão Falsa
O “eu” ingrato pode até fingir ser grato por cada pequena coisa na vida. E ainda por cima, há até quem faça da gratidão uma falsa religião. Ou seja, professam do alto que basta o sentimento de gratidão para nos conduzir a Deus. E essa falsa gratidão é uma forma de aparentar um tipo de personalidade. Mostrando que essa personalidade é espiritual, maravilhosa e transcendida.
Para fazer isso, eles usam muitas poses de santidade, milhares de mensagens coloridas e declarações positivas para mostrar aos outros. Porém, muitas vezes toda essa imagem não é coerente com a forma que a pessoa pensa, sente e age em sua privacidade.
É lindo mostrar gratidão quando tudo na vida está indo de melhor para melhor. Porém, muitas vezes, basta esperar um pouco mais na fila do supermercado para a pessoa ficar impaciente. Ou talvez, que o jeito um tanto rude do caixa seja a faísca que transborda um pântano de tantas emoções negativas, reprimidas e acumuladas.
Às vezes, um pouco é o suficiente para levar uma pessoa a cenas patéticas de novela. Então ela começa a levar em consideração tudo o que os outros lhe devem e a quantidade de nojo que guardou para si mesmo na vida. Mais tarde, mal-humorada, ressentida e cheia de ódio, ela começa a reclamar e a xingar tudo e todos, cantando uma canção psicológica muito triste. Então, para onde foi a gratidão?
Razões para ter gratidão
A Gnosis nos ensina que em nosso próprio Ser encontramos todas as compensações de que precisamos para as dificuldades da vida.
Se nos momentos difíceis da vida, em vez de reclamar, aprendemos a lembrar de nós mesmos. E se, passando por dificuldades, em vez de simplesmente enfatizar a percepção limitada de si mesmo, aprendemos a nos inspirar. Então, sairíamos do abismo de muitos estados de profunda tristeza, estresse, amargura e depressão.
Para fazer isso, não é aconselhável se perder nos labirintos delirantes de uma mente que quer resolver problemas que estão além de seu alcance. Portanto, temos que ser práticos. Assim, basta acender um incenso, colocar uma boa música e sentar-se em um ambiente tranquilo para relaxar e meditar. Ou que nos retiremos para dar bons passeios na natureza. Ou que peguemos para ler algum livro de verdadeira sabedoria, ou cultivamos algum tipo de conversa sublime. Jogar xadrez, fazer algum tipo de exercício físico, recitar mantras sagrados, reorganizar nossa própria casa, etc.
Ou simplesmente refletir sobre as várias razões pelas quais temos sorte e, por egocentrismo, não percebemos isso. Se não podemos comer o que gostaríamos, há quem só coma o que encontra no lixo. Se não nos dão o respeito que merecemos, há quem seja rejeitado só pela cor da pele. Ou porque suas roupas têm uma marca indelével de pobreza. E se tivermos que esperar muito por novas oportunidades de melhorar nossas vidas, há quem apenas espere a morte, em um leito de dor aguda e amarga decepção.
Como Despertar o Sentido da Gratidão
O estudante gnóstico busca e cultiva uma sabedoria transcendental que está muito além da mente e dos afetos. Por isso, aprenda a extrair sabedoria de eventos agradáveis e desagradáveis. Para ele, tudo é aprendizado. No entanto, ele nunca aprenderia com a vida se ficasse identificado com os eventos que nela se apresentam. Tudo o que fascina, que estimula a paixão, leva ao esquecimento de si mesmo. Por isso, a disciplina do estudante gnóstico é a recordação de si mesmo.
“Observar a própria maneira de falar, rir, caminhar, etc; sem esquecer-se de si mesmo, sentindo o seu mundo interior, é muito difícil e, no entanto, básico, fundamental, para conseguir o despertar da consciência.” – Samael Aun Weor.
Na memória íntima de nós mesmos, lembramos que tudo passa. Percebemos que a vida é um filme, e que as dificuldades são cenas em que o ator, ou seja, o “eu”, se manifesta para viver seus dramas, tragédias e comédias.
Trabalhar em nós mesmos faz uma mudança acontecer. Então, nossa consciência se desperta para o real e sentimos uma felicidade que antes não conhecíamos. Portanto, despertamos um sentimento de gratidão.
Aqueles que são verdadeiramente autoconscientes não podem reclamar da vida. Aí, então, você pode dizer que realmente sente gratidão. Agradeceremos, somente se pudermos afirmar com franqueza e sinceridade, diante dos tantos infortúnios da vida, aquela solene frase bíblica: “JEOVÁ dá, JEOVÁ tira. Bendito seja JEOVÁ ”.
Para saber mais sobre este e outros tópicos, inscreva-se em nossos cursos de autoconhecimento online.