O Segredo da Felicidade
3 September, 2020Os livros sagrados e a verdade universal
26 July, 2021O equilíbrio entre o Ser e o Saber
“Ser ou não ser, eis a questão…”.
Imortalizado pelo dramaturgo William Shakespeare, esta questão filosófica inclui os conflitos íntimos de uma pessoa frente às incertezas e dramas de sua própria vida. “Devo suportar uma injustiça silenciosamente ou derramar sangue em nome da honra?”. “Sigo preso em mentiras por medo do que dirão, ou digo a verdade e enfrento as consequências?”. “Começo um relacionamento com essa pessoa agora, ou me protejo e contenho a minha paixão para conhecê-la melhor?”. “Sigo vivendo minha vida como de costume, em nome da minha segurança, ou me atrevo a mudar e me aventurar em busca da minha felicidade?”. Alguma vez lhe ocorreu uma pergunta como estas em sua vida? Mais do que questões acadêmicas ou intelectuais, estão relacionadas com problemas práticos da vida e a maneira como a vivemos.
Ao longo da história da humanidade, diferentes pensadores se esforçaram de maneira admirável para dar uma resposta satisfatória à questão do Ser. O resultado são volumes e volumes de sabedoria que foram coletados e que resultam controversos no processo do homem em sua busca pelo autoconhecimento. Neste sentido, muitos de nós acreditamos que do acúmulo de todo esse conhecimento, se poderia extrair a sabedoria do Ser. No entanto, é muito comum que ao entrar no labirinto do Saber, a pessoa se esquece do Ser.
O Sábio Presumido
O desequilíbrio entre o Ser e o Saber pode produzir o perfil do sábio presumido: aquele que toma seu próprio conhecimento como verdadeiro. Consequentemente, fala o que não deve dizer e já não pode escutar aos outros. Além disso, ele não sabe mais como se relacionar com os seus semelhantes; inveja os mais talentosos e olha os outros por cima, como se fossem todos medíocres. Internamente, menospreza aos ignorantes e assedia aqueles que não compartilham de suas crenças. Por fim, provoca intrigas e fofocas devido à disputas sobre conhecimento. Talvez até poderia ler estas linhas, mas não perceberia que estas palavras se aplicam, de uma maneira ou outra, para ele mesmo; ou, levado a se examinar, rapidamente advogaria a seu favor, apresentando uma defesa elaborada.
Parece lógico que alguém se sinta mais sábio do que os outros, mas viva em conflito com os demais e seja infeliz? A ironia Socrática nos dá a melhor resposta: essa pessoa não apenas não sabe, mas nem mesmo sabe que não sabe.
O acúmulo do Saber
Ao longo da vida, temos acumulado muito Saber. Talvez tenhamos conseguido informações úteis, formação cultural, um meio para ganharmos a vida, entretenimento, momentos de reflexão, etc. No entanto, como está a questão da nossa realização íntima, depois de tudo isso? Seguimos esperando a acumulação de mais conhecimentos? Necessitamos mais conhecimento para resolver a estagnação da nossa vida e nos sentirmos confiantes de nós mesmos?
Estando conscientes de quem somos, de que servem os títulos de distinção e graus superiores de educação escolar? De que serve tanta autoridade intelectual, excelência curricular, formalidade discursiva, complicações terminológicas, discursos longos e elaborados, referências bibliográficas, etc.? Podemos ser melhores pessoas? Sentimos mais paz? Somos capazes de ter mais empatia? Somos felizes?
Logo, para que serve o conhecimento que acumulamos?
A questão do SER
A questão do SER não poderia ser abordada desde um ponto de vista exclusivamente intelectual. A busca pelo Ser é um tema vital e essencialmente prático, e não pode ser reduzida a uma discussão intelectual, não importa quão séria e sublime seja; porque o Ser se define de instante e instante no curso diário de nossa vida, através do que fazemos ou não fazemos ante os acontecimentos que nos apresenta a vida.
“Filosofia é levantar o ânimo para enfrentar as adversidades da vida”. – V. M. Lakhsmi.
Assim, os eventos cotidianos, em todos os seus detalhes, nos desafiam, nos colocam à prova para que conheçamos nossas debilidades e o que há de falso em nós mesmos. Desta forma, por meio do trabalho psicológico sobre nós mesmos, é possível eliminar nossa ignorância e superar nossas debilidades.
No entanto, a filosofia do Ser é muito exigente, porque muito além das palavras e das boas intenções, o Ser exige ações e atitudes para conhecê-lo. Em qualquer caso, temos que ser honestos conosco mesmos, se queremos conhecer
e afrontar os erros psicológicos que nos limitam e nos separam da plenitude do Ser.
Auto-exame da consciência
De nada serve falar de amor, se no fundo de nossos corações, não toleramos os erros e diferenças daqueles com quem convivemos; ou nos sentir boas pessoas sem o esforço diário para corrigir nossos defeitos. Não é honesto
reverenciar a Deus dentro de nós, se não meditamos diariamente para nos integrarmos com Ele; ou falar de autoconhecimento sem termos feito uma nova descoberta sobre nós mesmos na última semana. É uma falácia sentir que somos donos de nós mesmos, ter que apelar para distrações e prazeres sensoriais, para suportar os momentos de solidão que atravessamos. Resumindo, o importante é o que fazemos e não o que afirmamos. A filosofia do Ser nos convida a pensar menos e agir mais.
A Lei está em nossa consciência, com ela sentimos o Juízo Interno. Se buscamos com sinceridade uma reflexão íntima sobre os nossos pensamentos, palavras e atos, sentiremos este juízo interior indicando o caminho a seguir. Isto é, vamos descobrir precisamente o que temos que fazer para retificar o nosso comportamento, corrigir nossos defeitos psicológicos e, assim, alcançar a realização íntima do Ser.
“Tem pensado no que você mais gosta ou no que não gosta? Tem pensado nos mecanismos secretos de ação? Por que você quer ter uma bela casa? Por que você quer ter um carro de última geração? Por que quer sempre estar na moda? Por que você cobiça não ser cobiçoso? O que mais te ofendeu em certo momento? O que mais te agradou ontem? Por que você se sentiu superior a fulano de tal em certo momento?(…) Você tem certeza que tem sido sincero nessa conversa? Quando se justificam e quando contam seus triunfos, e repetem aos outros o que disseram antes, compreendem que são vaidosos?” – VM Samael Aun Weor.
“Uma vida não examinada não vale a pena ser vivida”, disse SÓCRATES, que conseguiu a façanha de engolir uma taça de veneno em nome da própria Sabedoria a quem ele consagrou a sua vida.
Encontrar um equilíbrio
Para concluir, diremos que o equilíbrio é uma das chaves do êxito na vida de qualquer pessoa. Em tudo deve existir um equilíbrio, assim como ele existe na natureza; e a questão do Ser e o Saber não escapa disso.
É necessário o conhecimento, ninguém poderia negar essa verdade. No entanto, nossa sociedade se esqueceu do Ser, e só busca o acúmulo de saberes. Portanto, acontece um desequilíbrio no ser humano que o leva a sentir um grande vazio em seu interior, porque não está em conexão com seu verdadeiro Ser; porque não desenvolveu essa capacidade, essa sensibilidade.
Se realmente queremos encontrar o sentido de nossa existência e direcionar nossa vida até isso, e se de verdade queremos encontrar a verdadeira razão de viver e nos sentirmos plenos sabendo para onde vamos, então, necessitamos buscar a conexão com o nosso real ser interno, já que só assim podemos encontrar essas respostas. Necessitamos mergulhar em nosso universo interior e nos integrarmos com nós mesmos. E isso não é nenhuma fantasia, nem se trata de ter somente uma boa intenção. Se trata de técnicas e práticas concretas. Para conhecer algumas delas, te convidamos aos nossos Cursos de Autoconhecimento online.