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15 July, 2020Sabedoria através do silêncio mental
“O controle mental nos permite destruir as correntes criadas pelo pensamento. Para lograr a quietude e o silêncio da mente é necessário saber viver de instante em instante, saber como mudar a cada momento, não dosar o momento“. – Samael Aun Weor
Vozes na cabeça?
Você está cansado de tantas vozes na cabeça lhe dizendo tudo o que você deve fazer? O que você deve comer, a roupa que deve vestir, o modo como deve falar com os demais? Sempre lhe dizendo que nada do que faz está bom o bastante? Que poderia ter feito melhor e que até falhou em ter tentado? Ou talvez dizendo-lhe com lisonja e doçura que você é divino e merece muito mais?
Este parágrafo anterior poderia ser tomado como uma conversa de louco, mais apropriada ao pátio de uma clínica psiquiátrica. Justo! No entanto, não está muito longe de verdade daquilo que julgamos ser a mais perfeita normalidade.
Ora, todos conversamos conosco mesmos em nosso mundo interior, em nossa intimidade. Já o grande filósofo Platão havia definido que o pensamento é “um diálogo da alma consigo mesma”.
Neste sentido, alguém, orgulhoso de sua própria razão, poderia pretender que é senhor de tudo isso que se passa em sua mente.
Poderia … Mas será que já se deteve a observar a origem de seus próprios pensamentos?
Quando atentamos para a origem psicológica de nossos pensamentos, podemos evidenciar que a situação é mais complicada do que parece. Visto que estamos sujeitos a descobrir uma fonte inesgotável de contradições íntimas. E o que é mais fatal, justo naqueles assuntos que mais nos inspiram certeza sobre quem somos e sobre o que sabemos.
Assim sendo, poderíamos com justa razão até desconfiar que isto que conceituamos ser ‘nossa razão’ não esteja muito longe da loucura …
O dualismo da mente
Quantas vezes já não vimos representarem certos dilemas de nossa vida diária na forma de um diálogo entre um anjinho e um pequeno diabo?
Nesta cena, a pessoa indecisa se põe a pensar, caminhando em círculos. Em um ombro, se apresenta um anjo, que lhe chama a honrar seus princípios éticos. Em outro, um diabo astuto, que advoga habilmente pelas vantagens e relatividades de um pecado. A pessoa, dividida em si mesma, não sabe que parte tomar. Se age pelo bem, como a vida lhe ensinou a agir, ou se ousa agir pelo mal, que parece lhe exercer um fascínio muito especial … Em sua mente, arma-se uma terrível batalha entre dever e direito, desejo e razão. .. Neste batalhar de antíteses , sentimos as confusões e aflições que o dualismo da mente mal compreendido pode nos trazer.
Assim, o estudante que havia se convencido do propósito e dos benefícios de meditar todos os dias, falha um dia, depois um segundo, um terceiro … e não medita mais.
Um homem apaixonado que jurou amor eterno a sua noiva, por fim, cansa-se e a abandona.
Uma pessoa que se inicia em uma escola iniciática sagrada, troca-a pelas facilidades de outra escolinha mais ao seu agrado.
Tantos exemplos a vida diária tem a nos oferecer a respeito da inconstância de nosso caráter … No entanto, ocorre muitas vezes que o ignoramos. Quantos de nós poderíamos clamar que temos pleno conhecimento de quem somos?
Porém, há quem acredite que sim. E talvez até se sinta um indivíduo bom e responsável. Já isto não deve causar grande assombro. Nestas épocas de diabos muito sofisticados, torna-se um tanto difícil de discernir o que é anjo e o que não é …
Eus pensadores
Neste sentido, a falta de responsabilidade para consigo mesmo nos indica que não somos indivíduos integrais. Quando observamos nossa mente com um olhar filosófico, não podemos deixar de fazer algumas perguntas. A que se deve tantas mudanças repentinas de propósitos? Por quê nossas crenças não guardam relação lógica entre si? Qual a razão da incoerência entre nossas mais estimadas ideias e nossas ações?
Neste estágio da investigação de nós mesmos, chegamos ao limiar de suspeitar da nossa própria individualidade. Afinal, qual a origem da pluralidade de vozes que negociam e disputam em nossa mente?
A gnosis nos ensina sobre a doutrina dos muitos , isto é, sobre a pluralidade do eu psicológico . Em outras palavras, não temos um eu individual, verdadeiro e contínuo, mas milhares e até milhões de eus que disputam entre si pelo controle de nossa vida.
“Por quê eu não compro este carro, nunca vi uma promoção tão boa!”, exclama um eu de cobiça cheio de urgência. “Mas como! Com um valor desses, eu vou viver na miséria pagando prestações até o fim da vida”, protesta outro, mais avarento. “Além do mais, carros são modernidades vaidosas… Os antigos sábios andavam a pé e sempre chegaram aonde queriam”, complementa um eu sabichão do orgulho, concordando com o segundo. “Se nossa sociedade não fosse tão desigual, todos teriam acesso a suas necessidades básicas, e carros não seriam direito de uns poucos”, arremata de forma um tanto dramática o eu sofista da inveja.
Assim, nossa mente é um palco de discórdias incessantes. Ali onde os pensamentos se amontoam, os vários eus brigam para impor sua voz, seus desejos. Falam, discursam, debatem, gritam, mentem, insultam e, no meio deste caos, alguns até cantam. Cantam? Isto mesmo, todos temos uma canção psicológica que nos caracterizam!
Buscando o silêncio interior
“A forma mais elevada de pensar é não pensar”. – VM Samael Aun Weor.
Os versos de um antigo livro de sabedoria chinesa postulam:
“Quem fala, não sabe
Quem sabe, não fala “…
Já um ditado popular nos diz que “o silêncio é a eloquência da sabedoria”.
Vale também a pena recordar como estátuas e esculturas que representam una figura divina de Budha. É fácil notar como costumam portar orelhas alongadas. Dizem que estas orelhas representam a sabedoria, pois indicam alguém que sabe escutar.
Por fim, convém notar como a ignorância e a tolice costumam ser atribuídas a pessoas que estão dispostas a falar muito e a escutar pouco. Naturalmente, a conversa exterior desnecessária e supérflua é um reflexo da conversa interior.
Você já se dedicou à tarefa de escutar sua conversa interior?
Acaso já discerniu a realidade viva da pluralidade de vozes que ali discursam?
Já se propôs a investigar suas distintas causas profundas?
Quando nos damos conta da pluralidade do eu, naturalmente vem o assombro. Afinal, quem somos? Ou melhor, o que sobra verdadeiramente de nós? É fundamental dar-nos conta disso. Assim, sentimos naturalmente a necessidade e até a urgência de cultivar o silêncio na mente. Isto é, de manter-nos em estado de alerta para todas estas vozes e imagens que emergem das trevas do subconsciente. Afinal, o curso de nossa vida depende disto, e, eventualmente, seu sucesso ou fracasso. Neste contexto, nasce o sentido realmente prático do autoconhecimento.
“Um primeiro estudo na técnica da meditação é a antessala desta paz divina que supera todo conhecimento”. VM Samael Aun Weor.
Escutando a voz do silêncio
O mundo em que vivemos é complexo e desconhecido. Cada instante é novo e único. Nosso próprio ser é um mistério profundo e ainda por revelar.
Que certeza poderia nos trazer uma mente sem guia, desordenada e incapaz de silenciar?
Que sabedoria há em seguir o fluxo dessa dinâmica mental involuntária?
Por isto, se buscamos a sabedoria, precisamos buscá-la além do intelecto. Não estamos alegando que o intelecto seja inútil, mas sim que a sabedoria é algo mais específico. Uma vez que pode estar associada ao intelecto, mas também pode se expressar de forma direta através da ação intuitiva. Para além do mundo dos conceitos e das opiniões, existem regiões superiores e mais profundas em nossa própria consciência, onde reina a intuição.
No silêncio da mente escutamos a sabedoria que palpita viva em nosso interior. E tudo se mostra sob uma luz natural e descomplicada.
Assim, é fundamental aprender a silenciar a mente. Pois o silêncio interior nos confere uma lucidez especial sobre quem somos, o que sabemos de verdade, o que de fato precisamos, de quê realmente somos capazes, etc. E isto, através de um sentir simples e direto. Assim, aprendemos a nos conduzir de forma intuitiva e prática nas várias adversidades da vida.
“Deus é um Silêncio. O homem, uma voz” – VM Lakhsmi